domingo, 19 de junho de 2022

👍História na Lata: O casamento matuto da bicharada - Niélia Ribeiro

História na Lata referente ao livro "O casamento matuto da bicharada", de Niélia Ribeiro:
Livro: O casamento matuto da bicharada 
Autora: Niélia Ribeiro 
Ilustrações: Rudson Duarte 
Coleção: PAIC - Prosa e Poesia 
Sinopse: 
O livro, escrito por Niélia Ribeiro com ilustrações de Rudson Duarte, traz o casamento do sapo com a dona Jia, com a participação da bicharada. O que será que aconteceu? o sapo e a jia se casaram? Vale a pena conferir. O livro não é comercializado, foi editado pelo Governo do Ceará, para o Programa Alfabetização na Idade Certa.

Espero que a publicação seja útil e auxilie a sua prática pedagógica. Gratidão pela visita e volte sempre! 🙂







***

O casamento matuto da bicharada 
Texto: Niélia Ribeiro 
Ilustrações: Rudson Duarte

Certa vez lá no sertão, 
Inventou-se um arraiá 
E um casamento matuto 
Que igual não haverá. 
Foi a festa mais bonita 
Que se deu no Ceará.

O sapo foi-não-foi 
Era o noivo na ocasião. 
Dona jia, sua noiva, 
O peru, o sacristão. 
Seu marreco foi o padre 
Rezou missa e louvação.

O tiú testemunhou 
O casório naquele dia. 
O delegado tatu 
Garantiu a alegria. 
O capote foi soldado 
E o calango foi vigia.

Para tocar na festança, 
Desse grande casamento, 
O sanfoneiro preá 
Afi nou seu instrumento. 
Deu um pandeiro ao grilo 
E o zabumba ao jumento.

O louva-deus e a tanajura 
Começaram a dançar. 
O vaga-lume e a borboleta 
Resolveram imitar. 
A muriçoca, sua rabeca, 
Não parava de tocar.

A lagarta trouxe a gaita. 
A lagartixa o tamborim. 
No violão, o imbuá, 
E na viola, o cupim. 
Dona mosca acompanhava 
Assobiando seu flautim.

Quando a noiva disse o “sim”, 
Dona pata apareceu: 
“Parem logo o casamento, 
Que esse sapo é todo meu!” 
Começou-se um alvoroço 
E desse jeito aconteceu.

A cigarra foi dizendo 
Que aquilo não entendia: 
“Como pode, dona pata, 
Encerrar toda alegria, 
Acabando de repente 
O casamento da jia?”

Foi aí que se ouviu: 
“Minha gente, olhe só, 
Isso é uma brincadeira!” 
Disse o galo Carijó, 
Acalmando a bicharada 
Com o seu cocoricó.

Deu-se grande gargalhada 
E a festa continuou. 
Foi até o amanhecer 
E ninguém nem se cansou. 
Desse jeito aconteceu, 
A coruja me contou.

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